O apóstolo Paulo foi direto à ferida de muitos pseudocristãos de sua época. A cruz não traz em si mesma quaisquer atrativos humanos, carnais. O valor da mensagem da cruz está em oposição direta àquilo que os homens desejam e buscam.
O apóstolo pode até mesmo ter chocado alguns de sua geração, ao confrontá-los em sua ansiedade de poder, sabedoria e domínio (segundo o curso das vãs mentalidades alienadas de Cristo), ao expor a Teologia da cruz: escândalo, vergonha, loucura e fraqueza.
O apóstolo pode até mesmo ter chocado alguns de sua geração, ao confrontá-los em sua ansiedade de poder, sabedoria e domínio (segundo o curso das vãs mentalidades alienadas de Cristo), ao expor a Teologia da cruz: escândalo, vergonha, loucura e fraqueza.
A cruz está no centro da proclamação cristã. Mas a cruz não é algo pelo qual os homens sintam-se naturalmente atraídos. Muito pelo contrário: ela os choca e fere; complica e escandaliza; causa verdadeiro pavor ante o sistema humano decaído. Não apenas o diabo foge da cruz, mas também os homens. E por quê? Porque a cruz anuncia e desnuda o que o homem sempre tentou esconder desde o jardim do Éden.
1) O Juízo e condenação que paira sobre todo homem e mulher
Quando Deus criou o homem, advertiu-o das conseqüências desastrosas da desobediência. O homem desobedeceu assim mesmo. Começava, pois, a tragédia: vergonha ao perceber a nudez; tentativa de ocultar-se aos olhos do Senhor; pretextos para justificar sua culpa, lançando a mesma sobre a mulher, e sobre a serpente; o retorno ao pó, de onde proviera; o trabalho servil; a geração em meio às dores; a expulsão de dentro do jardim. Tudo isso porque o pecado causa separação entre o homem e Deus (Rm 3.23) e traz o juízo divino e a morte (Rm 6.23).

Assim, a cruz também é uma ameaça para os homens, porque ela quer fazê-los lembrar-se de sua real condição perante o Senhor, o deus Santo e Eterno. A cruz nos lembra de nossa Queda, do nosso fracasso; do juízo divino que paira sobre todos os que se opõem ao Governo de Deus (Jo 3.36); da condenação que permanece sobre todos - sejam indivíduos, sejam sociedades; da ira e condenação de Deus sobre todo pecado e rebeldia contra o Criador. A cruz nos lembra que Deus odeia eternamente o pecado e que a alma que pecar, essa morrerá (Ez 18.4). A cruz nos relembra que toda rebeldia contra Deus será posta em derrota e penalizada; que o fim de toda criatura no pecado é a condenação eterna (Jo 3.16,18,36). A cruz nos adverte acerca da perdição eterna, do inferno, o destino eterno de uma vida sem a sem reconciliação com Deus em Cristo Jesus.
E isso é tudo o que o mundo jamais gostou de ouvir e nem quer saber. As pessoas fogem e ojerizam tais fatos. São escândalo e loucura para elas; são aborrecivas ao seu moderno estilo de vida – despreocupado com a Palavra de Deus. a cruz é escândalo e loucura porque sinaliza para os homens: "reconheçam o pecado de vocês; arrependam-se. Cuidado com o juízo da Ira de Deus que paira sobre os pecadores" (conf. Jo 3.36). A sentença do Juiz Eterno não foi suspensa: "a alma que pecar, essa morrerá" (Ez 18.4).
2) A Impotência humana

Mas o resultado sempre será o mesmo: fracasso e frustração. E aí novamente a cruz torna-se indesejada, pois ela nos expõe a incapacidade humana em salvar-se através de suas próprias possibilidades, inclusive de um suposto "livre-arbítrio", pois a Bíblia nos mostra claramente a escravidão humana ao pecado (Jo 6.30-; Rm 1.21-32; Ef 2.3; 4.17-17; 1Ts 4.5). Isso é tão chocante (mas verdadeiro) que frustra até mesmo muitos que se consideram cristãos, mas estão mais acostumados aos princípios neoliberais do que à Palavra de Deus.
As religiões são mais agradáveis do que a cruz. Elas iludem o homem com o agradável discurso de que podemos chagar lá, basta fazermos isto ou aquilo, ou deixarmos de fazer outras coisas; basta sermos sinceros e ajudar o próximo, não é isso mesmo? A cruz, porém, permanece como escândalo e loucura. Ela nos expõe claramente que a situação do homem é tão grave que somente o próprio Deus pode resolver - o ser humano é totalmente impotente quanto a esse assunto. Se Deus não tiver misericórdia, o ser humano cada vez mais afundará nas fossas abissais do pecado e das trevas até as maiores profundezas do inferno.

A cruz, portanto, desnuda outra vez a humanidade - assim como o Filho de Deus foi crucificado nu, conforme o costume romano. A vergonha da cruz é a nossa vergonha, a nossa fraqueza, a nossa incapacidade total. O Evangelho nos revela, dentre outras coisas, que até mesmo para reconhecer a nossa real situação e arrepender-nos, dependemos totalmente de Deus; o homem não é capaz sequer de operar isso em si mesmo (2Tm 2.25). Somente a iluminação do Espírito Santo procede tal efeito na vida do pecador. Sem tal operação do Espírito Santo de Deus, o homem jamais poderá, sequer, compreender tal Verdade: "Ora, o homem natural não aceita as coisa do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1Co 2.1).
A cruz quebra nosso orgulho e nossa prepotência - revela nosso real estado perante Deus: mortos em pecado! (Ef 2.1). E um morto nada pode fazer - a não ser que receba gratuitamente o dom da vida em Cristo Jesus (Ef 2.5-9). Na cruz a salvação de um homem somente pode ocorrer de um modo: pela graça, e não pelas obras, contribuição ou esforço humanos. E sabemos que isso é total loucura para os que não foram chamados pela graça soberana do Deus Salvador (1Co 1.18; Jn 2.9).
3) A cruz põe as coisas em seus devidos lugares: Deus é Deus - e o homem é pó!

A cruz, porém, revela a falácia de tal pensamento. Só há um Deus - e não sou eu e nem você (que lê estas linhas agora). Deus é Deus. E domina absoluto sobre anjos, demônios, homens e cada partícula de matéria do universo. Seu domínio se faz sobre tudo e sobre todos – sem exceções (Dn 4.35; Ef 1.11).
Ele efetua seu Propósito Soberano sem ter que pedir a permissão de quem quer que seja; e nem precisa dar explicações ou justificar-se perante criatura qualquer (Sl 115.3). “Eu sou Deus e fora de mim não há outro”, adverte o Senhor. E ao homem declara: Pulvis est – tu é pó! A Palavra de Deus sempre nos lembra isso: “o homem propõe o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos” (Pv 16.9); “muitos planos há no coração do homem, mas o propósito do Senhor é que prevalece” (PV 19.21); “O Senhor criou todas as coisas com um propósito; até o ímpio para o dia do juízo” (Pv 16.4).

A cruz, assim, torna-se outra vez escândalo e loucura para o homem, pois exalta e glorifica o Soberano e Dominador de todo o Universo – que tudo criou, controla e conduz segundo sua própria vontade, dispondo de suas criaturas como bem lhe parecer, inclusive quanto à salvação e condenação (ou, conforme nos ensina a Bíblia, eleição e preterição). A cruz revela que toda honra e glória pertence tão somente ao Criador, e absolutamente nada é devido à criatura alguma, quem quer ela seja: anjo, demônio ou homem!
4) A cruz não é mágico-miraculosa nem filosófico-acadêmico-científica
As falsas religiões procuram enganam os homens através de apelos fantásticos e mirabolantes. Está aí o falso cristianismo romanista firmado em aparições, milagres de santos e imagens que choram! Já o falso cristianismo evangélico apresenta o apelo de milagres e curas e novas revelações entregues pelos seus profetas apostolicistas durante seus êxtases espiritualistas!
A cruz nos traz ao entendimento a certeza de que a Fé Cristã jamais poderá firmar-se em tais pretextos (Rm 10.17; Lc 16.31; 2Co 5.7; Jo 20.29). E que os que apelam a essas coisas, negligenciando a doutrina da Palavra, negam o Evangelho, ainda que pareçam adeptos do mesmo. O Subjetivismo (cada um tenha a fé do tipo que quiser e todas são válidas!), o Pragmatismo (não estamos preocupados com doutrina, mas em transformar vidas!) e o Espiritualismo (quero poder e não teologia!) são formas de um falso cristianismo que aparentam ter validade, mas negam completamente a Palavra de Deus!
A cruz desmascara tais falsos evangelhos – desligados da doutrina bíblica – e expõe a hipocrisia e alma de lobo que é na verdade o caráter e o evangelho desses falsos pregadores e negociadores da Palavra de Deus. Ela nos lembra de que Deus nos revela a Verdade e nos dá do Seu Espírito Santo através de Sua Revelação Objetiva (a Palavra Revelada, a Bíblia), e não através de misticismos, rituais ou falsas doutrinas. Conhecemos a vontade de Deus através de Sua Palavra que foi dada à Igreja, e não pelas experiências místicas e intimistas (2Pe 1.16-21).

A ciência, naquilo em que confirma a Verdade, deve ser respeitada e aceita por todos – tanto quanto todos aceitamos a matemática, outro campo do conhecimento. Mas ninguém deverá ajoelhar-se à ciência ou aos cientistas em suas teses inverídicas, amparados apenas pela autoridade litúrgica de suas estolas sacerdotais brancas e de seus templos laboratoriais.
Lembremos de Sadraque, Mesaque e Abedenego, que não se prostraram ante o ídolo do imperador – três homens contra o Estado autoritativo no campo da fé, contra a falsa religião negadora da Lei de Deus, contra o mundo e aquilo que ele considera a verdade do momento!
Quem ainda tem dúvidas acerca da falácia do aquecimento global? Somente aqueles que não levam a sério a Revelação Bíblica. Como é triste vermos pessoas e organizações que se dizem cristãs firmadas nos mesmos falsos pressupostos dos homens ímpios! Nunca leram o Salmo 1? “Feliz é o homem que não anda segundo a sabedoria dos ímpios. Antes tem o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite” ( v. 1,2). O apóstolo Paulo nos lembra que “a sabedoria do homem é loucura diante de Deus” (1Co 3.19). A cruz novamente é loucura porque nos indica a loucura que é buscar a Verdadeira Sabedoria fora da Palavra de Deus. A cruz nos lembra que não há Verdadeira espiritualidade senão fundamentada na Doutrina da Revelação da Palavra de Jesus dada à Igreja.
5) A cruz é desnecessária
O mundo e seus ícones procuram glamour, beleza, inteligência, força; o mundo vive para a festa, a diversão, a realização e a felicidade aqui nesta presente era. A humanidade sem Cristo faz deste mundo o significado maior para viver – o materialismo e o hedonismo – onde o ter e o prazer é o que interessa.
A cruz, todavia, nos chama para a humildade, para a simplicidade, para o não-acúmulo de bens aqui na terra, mas no céu – por isso a cruz é desnecessária, isto é, não é exatamente o que os homens querem e procuram em seu distanciamento de Deus.

O mundo pensa ter vida em si mesmo. Alienado de Deus, o mundo faz de si mesmo um fim, o centro do universo. A cruz, porém, nos convoca a sair deste mundo, a desprezar tal vivência, ao nos alertar para a morte, que é o fim deste mundo; e ainda nos convoca a morrer para este sistema, a fim de vivermos pela cruz de Cristo (Mt 8.34-38).
Num mundo onde o discurso é: “você é o ser mais importante que existe. Acredite em si mesmo. Busque sua felicidade aqui e agora. Realize os seus sonhos!”. A cruz, contrariamente, aponta para o fim de mim mesmo como centro de minha vida (Gl 6.14). Pela obra de Jesus Cristo na cruz, eu estou crucificado para o mundo, e o mundo para mim! Num mundo que procura estabilidade aqui e em si mesmo, ainda que ausente de Deus, a cruz é desnecessária – ela nos relembra que sem Deus e Sua Palavra não há estabilidade, justiça, verdade, honra, amor.
Portanto, A cruz é impopular. É antagônica aos anseios e pensamentos dos homens ímpios. A cruz é a superação deste sistema falido e ultrapassado pela Soberania de Deus. A cruz é desnecessária para um mundo que procura resposta em si mesmo, desprezando a Palavra de Deus. Assim, os homens somente podem olhar para a cruz como algo desagradável, estranho, confuso, louco e vergonhoso. Mas para aqueles que foram chamados e iluminados pelo Senhor, a mensagem da cruz é um indício do Caminho da Vida: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me” (MT 16.24).
A cruz é especial para o eleito, pois lembra o Caminho a Verdade e a Vida – Jesus Cristo, o Senhor dos Senhores e Rei dos Reis; aquele que virá para Julgar vivos e mortos; o Salvador dos leitos, a Igreja; o Juiz de toda a terra; o Soberano Senhor e Criador. A Ele seja toda glória pelos séculos eternos e em todas as coisas. Amém.
...pois ela nos expõe a incapacidade humana em salvar-se através de suas próprias possibilidades, inclusive de um suposto "livre-arbítrio". Pr. Gildásio.
ResponderExcluirNão há quem defenda a salvação pelo livre-arbítrio. É uma desonestidade argumentativa lançar sobre o outro grupo o que ele não defende.
Na hipótese de escolha entre dois caminhos quem oferece as possibilidades, quem concede a salvação, sob a condição que conhecemos, é Deus; no caso de Ele ter decido deixar o homem escolher um dos caminhos é decisão soberana dEle e Ele continua soberano porque foi quem disponibilizou as duas opoções.
Deus apresenta razão na sua criação, na revelação, inclusive sobre os mistérios dará a conehecer razão inteligível a seu tempo.
O que falta largamente na arguementação gildasiana contra o livre-arb. é razão - principalmente por desonestidade com o pensamento alheio.
NEle, que é a razão do viver. Tertulião.
Caro Tertulião, você só comenteu um pequeno grave erro: defender que a escolha da Salvação esteja no homem. Isso é antibíblico. A Salvação é uma escolha soberana de Deus, e não do homem.
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