Os profetas de Baal estão entre nós – vivos e ativos. Nossa cultura evangelicalista (ou gospel) nada mais é que o renascimento do baalismo.
Como assim? Enganam-se os que pensam que o baalismo era uma negação aberta do javismo (a revelação entregue por Javé aos judeus). Não. Antes, o baalismo se mostrava muito mais atraente e sedutor, com sua postura moderna e não radical: reunia o que considerava de melhor em diferentes culturas religiosas, o que chamamos hoje de sincretismo religioso ou ecletismo.

A base filosófico-teológica do baalismo eram o relativismo e o subjetivismo. O relativismo é a perspectiva que diz: ninguém é dono da verdade e a verdade não é única nem absoluta; a verdade é multifacetada e está pulverizada em todas as propostas conceituais, de tal forma que não podemos falar em Verdade, mas em verdades. Assim, não há tal coisa como a Palavra de Deus, mas somente palavras dos homens.
A Bíblia está aberta a váriadas interpretações
Já o subjetivismo ensina a autonomia humana através do subjetivismo hermenêutico, propondo uma abertura universal da Verdade: cada um tem lá sua interpretação – e todas (ou pelo menos a maioria) devem ser consideradas.
Nossa cultura evangélica é o doutrinamento do baalismo. Primeiro, mostra-se profundamente sincretista, considerando irmãos toda e qualquer confissão evangélica – ainda que as tais sejam auto-excludentes (diferentes e contraditórias).
Dessa forma, não importa se uma igreja defende o pentecostalismo e a outra é não-pentecostal – somos todos irmãos; não importa se um grupo prega a teologia da prosperidade, enquanto outro não concorda – somos todos filhos de Deus; não há qualquer dificuldade em que um grupo defenda a perda de salvação pelo crente e outro negue tal coisa com veemência – cada um interpreta a Bíblia como quiser – e Deus está com todos. Viva o baalismo!
O evangelicalismo baalista- que pode ser visto como o relativismo da verdade e o subjetivismo hermenêutico - será sempre uma possibilidade viável para os que negam o caráter absoluto da Palavra de Deus, a fim de manterem sua falsa religião com cara de cristianismo. Além d eagradar a gregos e troianos - toda e qualquer vertente evnagélica!
Mas estão equivocados. A Palavra de Deus não se contradiz. Se diferentes grupos defendem posições contrárias em sua teologia – alegando fundamento bíblico, é óbvio que alguém está errado aí. Deus não se nega nem se contradiz. Mas o baalismo inerente ao nosso espírito natural dá um salto de dez metros e protesta. Porque é mais suportável aceitar a antítese de teologias contrárias do que o caráter absoluto da Palavra de Deus!
Então Elias é instado a objetar com uma lógica tão simples e tão profunda: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; mas se Baal, segui-o” (1Rs 18.21).
O triste retrato de uma fé coxeante
Elias não exige do povo um tratado teológico ou um esforço supra-humano. É exigida uma posição coesa ao padrão lógico inerente à estrutura da razão, que despreza a contradição como a natureza despreza o vácuo. Elias aqui nem precisava ser profeta de oráculos teofânicos. Basta-lhe ser um homem – coerente e lógico. Algo que Deus, naturalmente, imprimiu em toda a raça. É por isso que todos - até o ateu - franzeríamos o cenho ao ouvir alguém dizer que dois mais dois são cinco!
A questão, supõem, é que para a matemática há um padrão, mas para a teologia tal padrão já não é tão bem definido assim! Que heresia o pensar tal coisa. Nunca lerem a Bíblia nem se firmaram na Palavra de Jesus. O Padrão bíblico é mais seguro do que qualquer outra evidência no universo. Estou falando aos cristãos. Pois se você tem outra visão da Bíblia, subjetivista e aberta a qualquer interpretação, segundo a visão fragmentada e particular dos homens, você não entendeu absolutamente nada, e jamais foi um cristão. E é nessa circunstância que se encontra a maior parte dos evangélicos.
A Palavra de Deus possui uma só interpretação. Se houver divergências, alguém ou ambos estão errados. Mas não se iludam com o espírito baalista evangélico: cada um tem lá sua interpretação e todos estão corretos! Isso é desprezar a Javé e a sua Palavra. Isso é negar a Jesus e ao Espírito Santo, que é o autor da Escritura. Se você não crê assim, abandone o título de cristão – é mera nomenclatura em sua vida.
Que os incrédulos se chafurdem em contradições e antíteses e ainda se justifiquem pela sua falsa concepção cosmológica relativista. Mas para aqueles que crêem na Verdade (Jo 17.17), no padrão supra-autoritativo da revelação objetiva de Deus entregue à igreja através da Escritura, tal atitude é inconcebível e herética. Foi o que Elias compreendeu já em sua geração apóstata: “E Elias se chegou a todo o povo, e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos?".
O silêncio apóstata da igreja
“O povo, porém, não lhe respondeu nada” (1Rs 18.21b). Era simplesmente uma questão de coerência. Mas o silêncio do povo refletia sua atitude passiva e desinteressada - e baalista. Para Elias o mais insuportável não era o falso discurso dos profetas de Baal, que contrariava a Palavra do Senhor; mas o silêncio e a omissão apóstata de Israel.

Há muitas vozes estranhas soando no meio do povo que se diz evangélico. Mas o silêncio tem sido um só: o de todos. Cumpre-se, assim, a palavra do Senhor Jesus: “Contudo quando vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” (Lc 18.8). Lembrando que fé aqui indica fidelidade a Sua Palavra! Ouçamos o apóstolo Paulo: "Se algém vos prega evangelho diferente do que já vos temos pregado, seja anátema" (Gl 1.8). Como Elias em sua época, Paulo também não titubeou. Se alguém prega evangelho diferente, seja amaldiçoado por Deus! Até quando a igreja coxeará entre tantos pensamentos?
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